11 de fevereiro de 2012

Moinho do Poucochinho

A palavra moinho deriva do latim “molinum”, de “molo”, que significa moer, triturar cereais ou simplesmente dar à mó. São engenhos simples que consistem em aproveitar a energia cinética para accionar o sistema de moagem. Os Moinhos de Água surgiram por volta do século II d.C. através dos Romanos que os espalharam pela Europa. Em Portugal, admite-se que introdução e difusão dos moinhos de água tenha sido feita também pelos romanos, cuja possibilidade é confirmada por alguns achados arqueológicos, com destaque para as ruínas de um moinho de rodízio junto da represa romana no lugar de Represa em Beja. Em 1968 contavam-se cerca de 10 mil moinhos ainda em actividade, sendo que 7 mil seriam de água e destes 5 mil eram de rodízio.   

No Concelho de Monchique predominavam os moinhos de rodízio, embora as azenhas também fossem utilizadas, porém “o aumento da cultura de cereais por parte de pequenas comunidades levou à crescente expansão dos moinhos de roda horizontal ou rodízio” (José Rosa Sampaio). De acordo com a monografia de José Gascon, sabemos que em 1938 foram colectados 25 moinhos e azenhas. 


Foto dos anos 60 de António Callapez, no Livro "Um Olhar a Sul"

Em Monchique existe um moinho de rodízio que foi recentemente recuperado pela Junta de Freguesia, com o objectivo de utilizá-lo como pólo museológico laborando em algumas ocasiões, visto acumular uma série de objectos que apelam à prática da moagem. O Moinho de Água do Poucochinho situa-se na Ribeira do Barranco dos Pisões e tinha como proprietários a Família Poucochinho, pelo que o moinho é assim reconhecido por influência desse nome. 

Foto de 2010 de José Carlos Lopes no Livro "Engenhos Tradicionais de Moagem no Concelho de Monchique"


Moinho de Rodízio

Os moinhos de rodízio são assim reconhecidos e designados pela roda motriz horizontal, o rodízio. Este tipo de moinho é construído em dois pisos, o piso de moagem e uma pequena cave situada ao nível da saída de água, onde trabalha o rodízio.
A água que alimenta o moinho é desviada da ribeira para a vala do moinho e aí é represada na caldeira. Ao abrir a comporta a água ganha energia pelo desnível do cubo e ao bater nas penas do rodízio fá-lo girar.

O mecanismo de moagem é constituído por uma mó fixa (o pouso) e uma mó giratória (a andadeira), ambas têm o seu eixo coincidente com o eixo do rodízio. Deste modo, a transmissão do movimento é realizado directamente através do Veio e da Pela que ligam a roda motriz à Mó Andadeira.
Sobre a Mó Andadeira é instalada uma caixa (a moega) na qual são colocados os grãos de cereal, que vão caindo no olho da Mó Andadeira consoante a regulação desejada pelo moleiro. 

 Elementos de um moinho de rodízio:

Andadeira – Mó com um orifício (olho) no centro, realiza o movimento rotativo.
Pouso – Mó inferior que permanece fixa.
Moega – Caixa onde é colocado o cereal para moer.
Quelha – Calha ligada á Moega, por onde corre o cereal para o olho da mó.
Chamadouro – Acessório fixo à Quelha que se apoia na Mó Andadeira e com a trepidação desta faz o cereal correr da Quelha para o olho da mó.
Segurelha – Peça que se encaixa num rasgo da Mó Andadeira, ligando esta ao Rodízio através do Veio e da Pela.
Veio – Elemento que prolonga a Segurelha, ligando-a à Pela.
Pela – Peça de ligação entre o veio e o rodízio.
Rodízio – Roda composta por varias penas (travessas) dispostas radialmente que recebem a impulsão do jacto de água que nelas bate.
Cubo – Canal que encaminha a água da caldeira até á Seteira.
Seteira – Orifício de saída da água na extremidade do Cubo, orientado para atingir o Rodízio.
Aleviadouro – Haste ligada ao Urreiro, regulável, solidária com o mecanismo permite regular a distancia entre as mós e consequentemente a finura da farinha.
Urreiro – Trave de madeira colocado no solo, com um topo fixo e o outro ligado ao Aleviadouro.

Esquema de um Moinho de Rodízio  


Mó em Funcionamento


Rodízio em Funcionamento



Bibliografia:


SAMPAIO, José Rosa, Engenhos Tradicionais de Moagem no Concelho de Monchique, 2011;
GASCON, José António Guerreiro, Subsídios para a Monografia de Monchique, Algarve em Foco Editora, 2ª Edição, 1993;
http://www.euromills.net
http://moinhosdeportugal.no.sapo.pt


Nenhum comentário:

Postar um comentário