14 de fevereiro de 2012

Convento de Nossa Senhora do Desterro

De acordo com a lenda que se conta por Monchique, este convento deve-se a uma promessa feita por dois navegantes que se achavam em perigo no alto mar. Caso se salvassem, construiriam uma igreja no primeiro lugar de terra que fosse avistada.
Na realidade, sabe-se que o Convento de Nossa Senhora do Desterro foi fundado em 1631 por Pero da Silva, “O Mole”, nomeado 24º vice - rei da Índia a 13 de Abril de 1635. A 20 de Março de 1632, toma posse do convento a Ordem Terceira regular de S. Francisco, tendo inicialmente uma comunidade de 11 irmãos e da qual era provincial o Frei Manuel de Santo António.
Com o Terramoto de 1755, que provocou na Vila danos consideráveis, o convento foi um dos edifícios mais afectados tendo a sua abóbada ficado totalmente destruída. Mesmo assim, e por testemunho de dois viajantes que passaram por Monchique em 1798, viviam ainda no convento cinco frades, cujo patrono do edifício era agora o sétimo conde de S. Lourenço que nunca chegou a mandar a sua reparação.
Na sequência das lutas liberais e posteriormente com a extinção das ordens religiosas em 1834, o convento foi encerrado e todas as suas funções religiosas e de assistência e caridade foram desactivadas. Como consequência, os seis belos retábulos de talha que enriqueciam a Igreja do convento foram distribuídos por duas igrejas de Monchique – a Matriz e a Misericórdia – e ainda pela Igreja Matriz de Aljezur. Em 1842, o edifício foi vendido em hasta pública, “sendo arrebatado pela família liberal Guerreiro Gascon, que já possuía outras propriedades nas imediações”. (José Rosa Sampaio)
Construído na linha do barroco nacional e com reminiscências manuelinas, o convento, actualmente em ruínas, situa-se num local bastante aprazível de onde se desfruta uma bela paisagem sobre a vila e arredores. A maior magnólia da Europa, uma árvore multicentenária e que consta ter sido trazida da índia pelo fundador Pero da Silva, encontra-se ali bem perto do convento.
O Convento de Nossa Senhora do Desterro esteve classificado como Imóvel de Interesse Municipal, publicado em despacho a 6 de Julho de 1981. Porém, actualmente, devido a alterações na legislação, o edifício encontra-se sem qualquer tipo de protecção legal. 

Fachada principal do Convento

Símbolo das armas do fundador Pero da Silva,  gravadas sobre o arco da entrada
 
 Capela principal, na qual estava a imagem de Nossa Senhora do Desterro, Orago do Convento
 
 Capela Lateral 
 
 Alguns dos Azulejos ainda existentes no interior do convento
 
 Fonte dos Passarinhos
 
Bibliografia:
GASCON, José António Guerreiro, Subsídios para a Monografia de Monchique, 1993;
SAMPAIO, José Rosa, Antigas Igrejas e Conventos do Concelho de Monchique, 2008;
MARADO, Catarina Almeida, Antigos Conventos do Algarve, 2006;
 


2 comentários:

  1. Olá Rita!
    Aqui estou como seu seguidor aguardando mais textos a sobre essa nossa terra. Espero que escreva também sobre as pessoas. Sobre pessoas actuais será difícil certamente, pois há o risco de ferir susceptibilidades, mas não impossível. Agora sobre as antigas, acho que poderá.
    Será que leu o meu artigo sobre o «Viva a Rússia»? Lembro-me dele mas pouco sei sobre ele.

    Bjo.

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  2. Edificio muito interessante. Parabéns pelas fotografias e pela história do convento. Perto do mim, provincia de Huelva, Espanha, existem as ruinas d outro convento da Ordem Terceira do Sao Francisco:
    O link do meu blogue:
    http://otrasrutas-malatao.blogspot.com.es/2011/05/convento-san-juan-de-moranina.html

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